Estreou na última sexta-feira em cinemas de todo país a nova versão de um clássico do terror, Evil Dead. Em tempos de refilmagens descartáveis, o que tranquilizou os fãs foi o envolvimento de Sam Haimmi, diretor do original, na produção. O trailer, bastante sanguinolento, causou expectativa ao alardear que se tratava do “filme mais assustador que você verá na sua vida”.
Bem, o Pipoca foi dar uma conferida no filme, convidado para a pré-estreia pelos colegas do Zumbicast, e apesar de todo o barulho, Evil Dead não é tão assustador assim. Mas também não é nada descartável para os fãs do gênero.
A refilmagem (que na verdade pode até ser considerada como uma continuação, mas falaremos disso depois) contém doses cavalares de gore, ao ponto até da coisa ficar meio over. É um filme aflitivo e claustrofóbico, que tem algumas cenas de tensão, mas que em momento algum causa “medo”, se é que isso é possível chegar a tanto em um filme hoje em dia.
O longa é dirigido pelo estreante Fede Alvarez, um uruguaio que só havia feito curtas-metragens na sua carreira até então. A intenção de Haimmi é clara – entregar a direção para um cineasta novo, que trouxesse uma visão inovadora e antenada aos tempos atuais, tal qual o fizera o próprio Haimmi no filme original de 1981 que, aliás, já é uma refilmagem de um curta seu chamado Within the Woods, de 1978. Alvarez tem a mão pesada e está disposto a mostrar serviço. Logo de cara, ele cortou todo o humor negro presente nas versões anteriores e que era a marca característica da série. A intenção era deixar o seu filme o mais denso possível, sem distrair o espectador, confinando-o num estado permanente de tensão, mas, o problema foi que, ao fazer isso, Alvarez fez com que o filme se levasse a sério demais. Não há nenhum alívio cômico, nada que crie alguma empatia com os personagens e, por conseguinte, só o que resta é a matança desenfreada. Se não empatizamos, ficamos raivosos por causa das tradicionais escolhas imbecis que os personagens realizam em tela – e isso tira parte da força do filme.
É neste aspecto que o novo Evil Dead perde feio para o original. Apesar de todas as mortes e cenas aflitivas (e elas são muito aflitivas), dos efeitos visuais bem superiores e da atmosfera constante de terror que dura do primeiro ao último minuto, faltou o quesito originalidade. Desde seu primeiro longa, Haimmi mostrava um estilo seu que é inconfundível até hoje – o mesmo não pode ser dito de Alvarez. Dito isso, vamos aos méritos da nova versão.
Em primeiro lugar, o filme é esperto o bastante para não tentar construir um novo Ash. O carisma de Bruce Campbell não seria facilmente substituído e, logo de cara, ao examinar os expoentes do pequeno elenco, o espectador saca que não teremos um Ash. Mas nem por isso o longa deixa de encontrar uma boa solução para substituir o amalucado herói e, quando engata seu terceiro ato, oferece uma boa reviravolta que é ao mesmo tempo uma homenagem e um ponto de partida novo para a série. Isso é bacana, porque, por este Evil Dead não ser exatamente uma refilmagem, nem uma continuação, mas um amálgama entre ambos, abre-se um leque enorme de possibilidades para os filmes futuros – que provavelmente virão, já que o longa vem fazendo uma boa carreira nos cinemas.
Para os fãs de gore, não há com o que se preocupar: como já foi dito, o filme contém doses cavalares de sangue e gosmeira!!! Cavalares mesmo, com direito a um final absolutamente épico que é o que qualquer fã de sangue falso sempre sonhou em ver no cinema. O meio da produção perde um pouco para o início e o final, e dá alguma canseira ao espectador. Quem sabe uns 15 minutinhos a menos teriam feito bem ao filme, mas nada que comprometa o resultado final.
O elenco é puxado pela atriz Jane Levy (Mia), que até então carece de qualquer destaque em sua carreira, mas que está muito bem. Seu olhar alucinado quando conversa com o irmão David no quarto (a cena é mostrada no trailer) é de arrepiar. Os demais não fedem, nem cheiram, mas também não comprometem.
Claro que há uma centena de buracos no roteiro, mas quem está preocupado com isso? No final das contas, se você vai assistir a um filme chamado Evil Dead, não é com o tetxo que está preocupado, certo? Eu dou ao filme um sonoro 7, confirmando que dentro do que se propõe a ser e mostrar, o longa cumpre com as expectativas.