Sejamos sinceros: O primeiro Uncharted parecia nada mais nada menos do que uma tentativa fraca de criar uma mitologia aos moldes de Tomb Raider. Já em Uncharted 2: Among Thieves, a produtora Naughty Dog conseguiu criar um universo de interatividade com o enredo que poucos alcançaram. Among Thieves é considerado “um dos melhores games dessa geração de consoles” (Gamespot). O enredo nos guiava através de personagens cativantes e os gráficos faziam juz ao poder do PS3. Foi, na verdade, um grande salto técnico para a franquia exclusiva. Com o terceiro capítulo da série, a Naughty Dog quer encravar de vez seu nome no universo dos games.
Com a grande diferença técnica entre o primeiro e segundo capítulos da franquia, não seria uma grande surpresa se a produtora não conseguisse igualar todo o avanço em Uncharted 3: Drake’s Deception. Como era de se esperar, todos os tipos de armadilhas estão presentes em U3. Mas é o progresso no enredo e no multiplayer que fazem valer o seu dinheiro. Vale à pena também mencionar que, mais uma vez, o visual e as sequências de ação vão deixar os gamers deslumbrados.
Nathan Drake e Victor Sullivan são um duo instantaneamente cativante. Mais uma vez a dupla de caçadores de tesouros se encontra em meio a uma jornada atrás de riquezas históricas. Dessa vez, terão que alcançar seu objetivo antes da adversária Marlowe. Amy Hennig (roteiro) deu aos personagens de Uncharted 3 uma personalidade mais pessoal, complexa e comprometida. O enredo é inteligente.
Na mesma medida que a história do jogo traz sagacidade, Uncharted 3 trás também muita beleza. De uma perspectiva cinematográfica, a jogabilidade é incrível! Encarar grupos de inimigos é algo que flui muito mais do que os outros capítulos da série com Drake usando e abusando dos cenários para dizimar seus adversários. É sem dúvida um dos pontos altos de Uncharted 3.
A porção multiplayer do game chama a atenção; depois de todo o alarde por conta de Uncharted 2, a Naughty Dog trabalhou incansavelmente para aprimorar ainda mais a experiência online. A jogabilidade do multiplayer é centralizada no trabalho em equipe. O foco mudou do velho “matar/morrer” para um excelente modo de cooperação, principalmente nos segmentos cinematográficos de ação. Esses modos multiplayers podem ser jogados online ou offline com a tela dividida.
Apesar de parecer que o conteúdo adicionado em U3 é enorme, a lacuna não é tão grande em relação ao seu antecessor, o que não quer dizer que o game é apenas uma tentativa de capitalizar em cima do sucesso de Among Thieves. Existem elementos aqui que todos nós já esperávamos: Drake dá seus pulos suicidas, diálogos com muito humor, escapadas impossíveis, etc., mas, de alguma forma, tudo parece mais polido.
A produtora Nauthy Dog prova mais uma vez que sabe criar continuações convincentes. Grande parte dessa convicção vem do excelente enredo que não precisa se desvalorizar e se garantir em cima de gráficos deslumbrantes. A história é mais satisfatória que o visual. Você se importa com os personagens. O balanço entre a experiência cinematográfica e a jogabilidade estilo survival é impecável. O tipo de jogo que força você a encarar as situações absurdas até o último segundo. E o final é extremamente recompensador. Nota 10.
___________________________________________________________________________________________
Leonardo Chacel é formado em Publicidade. Depois de cinco anos como livreiro, chutou o pau da barraca e virou tatuador e gamer porque jogar e desenhar é o que faz de melhor. Além de escrever sobre games para o PN escreve sobre música (só as boas) em seu blog Overdose Contínua.