Jogos de carro nunca foram o meu forte. Tirando GranTurismo, nenhum outro título conseguia me prender à tela. Mesmo assim, era um jogo que, para mim, não era convidativo o suficiente para me fazer explorar todos seus aspectos. Aos meus olhos, a velocidade e os perigos de um rally sempre foram mais emocionantes, e corri atrás de um jogo de corrida que aproveitasse isso ao máximo. Desde o primeiro Dirt, minha opinião no gênero mudou…
Uma das características mais marcantes em Dirt 3 é a quantidade absurda de opções no jogo. Seja jogando online com seus amigos ou participar das corridas no single player à moda antiga, Dirt 3 tem inúmeras opções em para cada um. A campanha do jogo conta com uma IA bem decente que garante um bom desafio em qualquer competição através do globo. Os percursos variam bastante: entre montanhas do Kenya, pistas cobertas de gelo perigosíssimas e ambientes industriais, você fica constantemente se questionando se já dirigiu em todos os percursos disponíveis. As configurações possíveis para cada pista também parecem ser intermináveis tanto no single player quanto no multiplayer.
Existe um evento no jogo que se chama Gymkhana (é, isso mesmo), no qual você precisa estar em controle total do seu veículo, e da coordenação motora dos seus dedos, para completar uma série de desafios, como voar pelas rampas, destruir blocos, dar cavalos de pau e outras loucuras enquanto a platéia aplaude e grita à custa dos perigos que o piloto passa dentro do carro. Se no single player o jogo já é viciante, no multiplayer o mínimo que da para dizer é “fantástico”! As opções nesse modo são inúmeras também: é muito divertido testar sua impetuosidade contra gamers pelo globo à fora nos mais variados circuitos ou também participar dos party modes com opções como “Capture The Flag” ou até simplesmente se estourar no bate-bate com seus amigos em uma das pistas no modo Gymkhana. O game simplesmente não enjoa. São esses pequenos detalhes que transformam Dirt 3 em um jogo muito melhor que seu antecessor.
Como o título sugere, em Dirt 3 você vai enfrentar corridas em terrenos extremamente acidentados. Seja em neve, lama, atalhos, cascalho, etc. algo que chama muito a atenção é o trabalho colocado nos efeitos de luz dentro desses percursos. Com os gráficos extremamente bem trabalhos e realistas como os de neve e lama atrapalhando sua visão na tela, o jogo é um prato cheio para os olhos. Infelizmente, nos momentos em que a produção gráfica do jogo mais chama a atenção é quando você mais vai precisar manter o controle da sua máquina. Um aspecto importante também e que, francamente, deveria ser obrigatório em todo jogo de corrida, é a visão de dentro do carro. A Codemasters mais do que caprichou com a visão do motorista: a experiência de dirigir essa máquina com os efeitos de luz e de sujeira no pára-brisa enquanto suas mãos tentam segurar o volante com toda força, é de arrepiar, literalmente (só jogando para realmente entender). Com tantos veículos para escolher, a Codemasters tomou o tempo necessário para criar um interior preciso e único para cada um.
O menu conta com uma das interfaces mais lindas que eu já vi. Em certos momentos eu ficava simplesmente navegando pelos painéis de opções para curtir o trabalho gráfico da Codemasters, isso tudo embalado por Drum n’ Bass, Dubstep e muito Rock n’ Roll. A opção de você colocar seus vídeos de corrida no YouTube é uma idéia genial, mas poderia ser melhor executada. Em alguns momentos você fica até 15 minutos fora do jogo enquanto um vídeo seu vai para o YouTube.
Em Dirt 3, diferente da maioria dos jogos de corrida, você não coleciona dezenas de carros na medida em que vai avançado em sua carreira: você ganha pontos a cada objetivo completado e coleta diversos patrocinadores. Os patrocinadores então liberam novos modos de jogo no qual você pode decidir qual carro usar em cada circuito específico. Quanto mais avançado o carro, mais controle e coordenação motora serão exigidos dos seus dedos. Além de patrocinadores, com seus pontos você libera novos níveis para seu motorista, novos eventos e até novas temporadas.
Dirt 3 foi tão bem elaborado que fica difícil apontar para um aspecto e dizer que este ou aquele é o motivo pelo qual o jogo é tão sensacional. Gráficos absurdos, jogabilidade precisa, danos no carro durante as batidas que podem ser alterados para “full realism”, trilha sonora excepcional, tarefas intermináveis para explorar e enfim, manobras absurdas (cavalinho de pau debaixo de três caminhões é suicídio!). Excelentes jogos de corrida, não são novidade quando o nome na mesa é a produtora Codemasters, mas em Dirt 3 os caras realmente mostraram porque são os melhores.
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Leonardo Chacel é formado em Publicidade. Depois de cinco anos como livreiro, chutou o pau da barraca e virou tatuador e gamer porque jogar e desenhar é o que faz de melhor. Além de escrever sobre games para o P&N escreve sobre música (só as boas) em seu blog Overdose Contínua.