Olá, colecionadores!
Bem-vindo a mais uma edição da sua coluna favorita!
Hoje apresentaremos mais uma coleção espetacular (óbvio!) com um diferencial muito bacana, ela pertence a um casal simpaticíssimo, verdadeiros apaixonados pela nona arte e colecionismo em geral.
Toda a entrevista foi respondida pelo Toni e Laíse Rodrigues, resultando num ótimo bate-papo, que você confere agora…
Para começar nos conte um pouco sobre vocês, onde nasceram, moram, o que fazem na vida profissional?
Laíse: Nasci em São Paulo, no bairro da Bela Vista, em um apartamento perto da praça 14 Bis. Sempre gostei de desenhar e contava com o incentivo dos meus pais. Meu pai já havia ilustrado e feito quadrinhos para a revista Sesinho antes de eu nascer. Me formei em artes plásticas na USP onde nos conhecei Toni, que fazia o mesmo curso. Meu sonho era fazer animação, mas acabei, com incentivo e orientação do Toni, fazendo a carreira como ilustradora.*
Toni: Eu nasci em São Paulo também, não sei o bairro. Sou publicitário, Diretor de Arte por formação, mas sempre gostei de quadrinhos e comecei minha carreira escrevendo terror e ilustrando layouts em propaganda.
*(Conheça o estúdio de ilustração da Laíse aqui – N. do E.)
Quando vocês começaram a se interessar por quadrinhos?
L: Com pais leitores e sendo a terceira de quatro irmãos, os quadrinhos caiam em minhas mãos mesmo antes de eu aprender a andar. Como minha mãe sempre teve o habito de não jogar nada fora, as pilhas de quadrinhos cresciam naturalmente. Lia-se de tudo indiscriminadamente: Disney, Mônica, Ebal, Globo… Parte era comprada por meus irmãos mais velhos, parte por uma tia, o que ocasionava às vezes tanto a compra de edições duplicadas quando a perda de alguns números.
T: Comecei a me interessar na barbearia em que meu pai me levava para cortar o cabelo, antes mesmo de aprender a ler. O barbeiro, o “Zé Barbeiro” como era conhecido, era um grande leitor de quadrinhos, não de colecionar propriamente, mas ele tinha um armário na barbearia com uma bela pilha que vivia sendo renovada e eu adorava aquilo. Depois que aprendi a ler comecei a frequentar a barbearia mesmo quando não ia cortar o cabelo, só pra ler. Ele deixava. Era um cara muito bacana e apesar de magrão, tinha sido lutador de luta livre profissional, conhecia o Tigre Paraguaio, o Aquiles e outros lutadores da época.
Ambos: Também gostamos de artes marciais. Principalmente o Aikido, que praticamos há mais de vinte anos.
Vocês se lembram da primeira vez que se viram fascinados por uma HQ? Qual foi a história ou revista?
L: A fascinação maior começou com a revista Gibi Semanal, com a qual conheci os grandes “monstros” dos quadrinhos como: Hal Foster, Alex Raymond, Will Eisner, etc…
T: Tarzan 49, 3ª série (Coleção Lança de Prata – Volume 20), da Ebal. A segunda parte de uma adaptação de Tarzan no Centro da Terra, com capa de Moe Gollub e desenhos de Doug Wildey. Foi meu primeiro gibi favorito. Só fui ler a primeira parte muito tempo depois, pois a revista chegou às minhas mãos bem depois de ter sido editada.
Quando aconteceu a mudança de leitores ocasionais para colecionadores inveterados?
L: Quando começamos a namorar. O Toni me apresentou a outros mestres dos quadrinhos que eu não conhecia e passamos a frequentar juntos sebos, bancas e livrarias.
T: Quando meu pai passou por acaso num sebo na Praça do Correio e querendo me agradar comprou de uma vez só umas 20 revistas e me trouxe de presente. Coitado, mal sabia o que tinha acabado de fazer…
Quantas HQs vocês possuem?
Ambos: Cerca de 15.000.
Como vocês guardam sua coleção de HQs? E quais técnicas usam para conservá-las?
Ambos: Nossa coleção hoje é guardada numa grande sala, em estantes de madeira, que é também nossa biblioteca e estúdio, onde trabalhamos e passamos a maior parte do tempo. Foi construída para esse fim. Os quadrinhos são acondicionados em sacos plásticos com a abertura para cima, dobrados e fechados com um pequeno pedaço de fita mágica. O local é bem ventilado, mas o lado onde ficam as estantes com os quadrinhos não tem janelas, portanto não recebem luz do sol diretamente.
Quais são os principais itens de sua coleção, séries e minisséries completas, encadernados de luxo, edições raras, etc.?
Ambos: Bom, temos uma coleção de coleções. Uma coleção grande de quadrinhos; uma pequena, mas bem formada de originais de quadrinhos e ilustração, da qual nos orgulhamos muito; uma coleção de bonecos de borracha que apitam (que é mais da Laíse); uma de action figures; uma de brinquedos diversos; uma de arminhas de espoleta antigas; uma de pinguins (também da Laíse, e esta inclui todo tipo de pinguins, desde os de geladeira a brinquedos de corda); uma de máscaras orientais (balinesas, japonesas, chinesas); e uma bela biblioteca também. De quadrinhos, temos praticamente tudo o que foi publicado pela Ebal, todos os quadrinhos de super-heróis da Bloch, Abril e Globo e muita coisa avulsa também de editoras como Outubro, GEP, Taika, LaSelva.
Qual o item mais raro de todos?
Ambos: Difícil dizer isso. Nos gibis, exemplares do Suplemento Juvenil e primeiros números de várias revistas. Nos originais, temos dois J. Carlos. A Laíse tem pinguins bem raros e bonecos de borracha que estão em livros americanos catalogados como “raros”.
E qual foi a maior raridade que já compraram pelo menor preço?
Ambos: Compramos com bom senso, raramente pagamos muito por qualquer coisa. Mas uma vez a Laíse comprou um pinguim de prata do século 19 por um dólar. E compramos um original de Terry e os Piratas por 60 dólares também.
Vocês compram HQs importadas?
Ambos: Sim, principalmente Showcases, Essentials e Archives, material mais antigo que nunca foi bem publicado ou que simplesmente nunca foi publicado por aqui. E também quadrinhos europeus e mangas.
Onde costumam comprá-las?
Ambos: Amazon e Ebay. De vez em quando na Comix e na Livraria Cultura.
Todo colecionador tem manias, seja um ritual para leitura, uma bela cheirada na revista nova ou nunca se desfazer de nada, qual é a sua?
Ambos: A cheirada na revista nova é indispensável. Desfazer de alguma coisa só no caso da troca da mesma edição em melhor estado.
Tem algum item que quer muito ter, mas está praticamente impossível de encontrar?
Ambos: Cerca de 10 revistas da Ebal, que são muito, muito raras, mesmo não tendo nenhuma explicação do por que. Um Superman dos anos 50 e um Zorro dos anos 70 estão entre elas.
Qual foi sua última leitura e qual está sendo a atual?
Ambos: O que compramos em banca atualmente se resume a Mágico Vento e Julia, mais um ou outro especial. Mas estamos lendo muitos encadernados. No momento nossos favoritos são: a série Fábulas e os encadernados de Lost in Space, da Dark Horse. A última história que lemos e gostamos muito foi Astronauta: Magnetar, do Danilo Beyruth.
Quais são seus 10 quadrinhos favoritos de todos os tempos e por quê?
Ambos: Ken Parker, Príncipe Valente, Tarzan (de várias fases diferentes), Watchmen, Homem-Aranha (até os anos 70), Batman (entre o final dos anos 60 até os anos 2000), Mágico Vento, Lobo Solitário, Samurai Executor e Calvin e Haroldo. Não sabemos justificar isso, caramba, e tinha mais coisas para entrar nesta lista…
Quais são seus personagens favoritos, aqueles que vocês procuram adquirir tudo que é lançado?
Ambos: Tarzan, Batman, bons europeus de diversas origens, tanto espanhóis quanto franco-belgas e italianos. Osamu Tezuka e outros mangás mais antigos (quanto mais para trás de Akira, melhor).
Para finalizar, deixem um recado para os leitores do Pipoca e Nanquim e colecionadores do Brasil.
Colecionar é bacana, mas não pode virar loucura. Não se pode pagar o que certos vendedores acham (sem a menor base) que valem seus itens, sejam lá o que for. Um gibi do Pato Donald não pode custar 10 mil dólares nem que tenha o autógrafo do Disney.
Use o bom senso na hora de comprar e compre com critério o que quer que você resolva colecionar. Temos quantidade, mas qualidade importa bem mais.
Minha Estante é um espaço pra você, colecionador de HQs, mostrar sua coleção, falar sobre prazeres e vicissitudes desse hobby, conhecer outros fãs e proporcionar aquela inveja boa.
Convidamos a todos que possuem belas coleções de quadrinhos a mostrarem elas aqui!
É só mandar um e-mail para [email protected] dizendo alguns detalhes (números de revistas, itens raros e particularidades) que em seguida combinamos a entrevista.
Até a próxima!